O autismo é um distúrbio no desenvolvimento neurológico, chamado de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que afeta o comportamento e comunicação dos indivíduos, influenciando nas habilidades físicas, e de comunicação e interação social.
No Brasil, a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que haja mais de 2 milhões de pessoas com autismo.
Com causas não totalmente conhecidas, acredita-se que o autismo esteja relacionado a fatores genéticos e ambientais, tendo como fatores contribuintes para o desenvolvimento do transtorno: a exposição a agentes químicos; a deficiência de vitamina D e ácido fólico; o uso de substâncias como ácido valproico; a prematuridade; o baixo peso ao nascer, a ocorrência de gestações múltiplas; a infecção materna durante gravidez; e a idade parental avançada.
Classificados de acordo com o quadro clínico, existem 3 tipos de autismo:
– Autismo clássico;
– Síndrome de Asperger;
– Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação.
Além dos tipos, há também os graus de autismo, classificados em:
– Grau 1 (autismo leve);
– Grau 2 (autismo moderado);
– Grau 3 (autismo severo);
– Autismo regressivo.
Já os sintomas variam de acordo com o nível do espectro de autismo, mas em geral englobam a comunicação, interação social e o comportamento, podendo apresentar:
- Comportamento repetitivo;
- Interesses fixos e hiperfoco;
- Hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais;
- Dificuldade em iniciar e manter conversas;
- Dificuldade em manter contato visual;
- Dificuldade em se interessar por temas específicos e de ter atenção;
- Não atender ao ser chamado;
- Não imitar;
- Dificuldade de controle motor;
- Atraso ou não desenvolvimento da fala;
- Movimentos estereotipados ou atípicos e repetitivos;
- Apego a objetos;
- Comunicar-se com gestos ao invés de palavras;
- Referir-se a si mesmo de forma errada;
- Repetir a mesma palavra ou pergunta diversas vezes, assim como ter movimentos corporais repetitivos;
- Dificuldade em compreender figuras de linguagem e sarcasmo;
- Isolamento;
- Falta de empatia;
- Aversão a contato físico;
- Acessos de raiva e agressividade intensos;
- Hiperatividade;
- Irritabilidade às mudanças na rotina;
- Ausência de medo em situações perigosas;
- Dificuldade em imaginar.
Em bebês, os principais sinais de autismo são:
- Aos 6 meses: falta de expressões faciais;
- Aos 9 meses: não imitar sons ou expressões faciais;
- Aos 12 meses: não balbuciar ou gesticular;
- Aos 16 meses: não dizer nenhuma palavra;
- Aos 24 meses: não dizer frases compostas de pelo menos duas palavras;
- Perda de habilidades sociais e de comunicação em qualquer idade.
Com prevalência no sexo masculino, o autismo é percebido logo nos primeiros meses de vida, e seu diagnóstico é estabelecido entre os 2 a 3 anos, no qual é utilizado o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais. Podendo também incluir exames físicos e neurológicos completos, e procedimentos específicos como:
- Entrevista diagnóstica para autismo revisada (ADIR);
- Programa de observação diagnóstica do autismo (ADOS);
- Escala de classificação do autismo em crianças (CARS);
- Escala de classificação do autismo de Gilliam;
- Teste de triagem para transtornos invasivos do desenvolvimento;
- Testes genéticos em busca de anomalias nos cromossomos.
Sem uma cura, o autismo tem tratamentos apropriados para as necessidades de cada paciente, focados em reduzir os impactos dos sintomas, e estimular suas habilidades sociais, comunicativas, de desenvolvimento e aprendizado. Sendo assim, englobam terapias de comunicação e comportamento (TEACCH, ABA); medicações; fonoaudiologia; terapia ocupacional; fisioterapia; e acompanhamento nutricional.
O autismo também pode estar associado a outros distúrbios que afetam o cérebro, como a Síndrome do X frágil, déficit intelectual e esclerose tuberosa, além de algumas pessoas do espectro poderem desenvolver convulsões. Assim a atenção e acompanhamento é essencial para garantir o bem-estar e a saúde.
É graças a ações, como o Abril Azul, uma campanha de conscientização sobre o autismo que ocorre durante o mês em muitos países do mundo, no qual, são realizados eventos, palestras e seminários, que vem sendo possível aumentar a compreensão sobre o autismo, promover a inclusão e celebrar a diversidade, além de melhorar a relação e interação do indivíduo com seus familiares e sociedade.
Estabelecido desde 2007 pelas Nações Unidas (ONU), no dia 2 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, que tem como sinal universal, a fita com peças de quebra-cabeça coloridas, adotada desde 1999, na qual as diferentes cores representam a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o TEA, sendo a marca utilizada para a identificação do indivíduo, e como sinalização de locais que cumprem com as políticas de inclusão.
Já em 2012, foi instituída a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, e em 2021, o Ministério da Saúde lançou a Linha de Cuidado para Crianças Com Transtorno do Espectro Autista. Tais leis e melhorias são fundamentais para possibilitar uma vida em sociedade mais digna com respeito e acolhimento à diversidade.